Trolls na Cultura Nórdica
Trolls são monstros do folclore escandinavo, presentes com mais força na cultura norueguesa. A palavra deriva do termo Jöturn ou Thurs
que se refere a algo gigante, imenso, pavoroso. São adjetivos que
servem muito bem a essas criaturas retratadas na mitologia nórdica como
humanóides de aparência medonha, tamanho gigantesco, igualmente obtusos e
malignos.
O mito é nativo da Noruega e foi carregado por
viajantes para os povos que viviam na Finlândia, Suécia e Rússia.
Arqueólogos encontraram indícios que os trolls já eram conhecidos por
tribos primitivas que retratavam horríveis gigantes em chifres e
utensílios domésticos. O mito se espalhou pelo Norte da Europa, chegando
a Alemanha e Ilhas Britânicas, em meados do século V o que pode ser
comprovado pela descoberta de peças de artesanato dessa época trazendo
representações das mesmas criaturas. É possível que os trolls tenham
sido a base para as lendas sobre ogres, goblins e kobolds. Em
comunidades isoladas e rurais a crença em trolls (e outros seres
mitológicos) esteve presente até meados do século XVI, quando as antigas
tradições foram substituídas pela fé cristã.
Segundo as lendas,
trolls viviam em cavernas ou no interior de montanhas. Seus covis eram
escuros e ermos, recobertos por ossos de animais devorados e sujeira
acumulada. Alguns deles capturavam vítimas e as mantinham como escravos
ou como estoque de comida para o longo e rigoroso inverno. Entrar em uma
caverna habitada por um troll era uma missão considerada perigosa e uma
prova de coragem.
As primeiras lendas sobre trolls, os
descreviam como gigantes malignos que caçavam humanos com o propósito de
escravizá-los ou devorá-los. Eles vagavam apenas à noite, pois a luz do
sol os transformava imediatamente em pedra.
Um
dos mitos presentes no folclore norueguês relata que os primeiros
homens foram vítimas constantes de trolls. Entretanto, certa vez, dois
enormes exércitos de trolls se encontraram para lutar nas montanhas de Trold-Tindterne, na parte central da Noruega.
Os Trolls eram estúpidos demais para saber quando o dia iria nascer e
incumbiram um homem chamado Olgerd de avisar quando a noite cederia
lugar a aurora. O homem foi colocado no alto de uma montanha vigiado por
dois trolls. Ele deveria acender uma grande fogueira antes do sol raiar
avisando a todos que era hora de buscar proteção.
Confiando no
escravo, os trolls lutaram ferozmente e o impasse durou muitas horas.
Olgerd sabia que era a chance de se livrar dos seus feitores, ele
distraiu os trolls que o vigiavam para que assistissem a sangrenta luta e
quando eles não olhavam molhou a lenha da fogueira. Quando os trolls
perceberam que a noite estava prestes a chegar ao fim, tentaram a todo
custo acender a fogueira mas a madeira encharcada não pegava fogo.
No
momento em que o sol despontou no horizonte os dois trolls, bem como os
exércitos que se enfrentavam foram transformados em pedra. As enormes
rochas que até hoje cobrem essa paisagem acidentada, seriam os restos
dos combatentes, atestando que os gigantes existiram na aurora dos
tempos. Livre dos trolls, Olgerd pôde libertar os seus irmãos que
estavam aprisionados nas cavernas. Mas nem todos os trolls foram mortos e
os que restaram continuavam vivendo nas profundezas, sempre que
possível arrastando vítimas para seus esconderijos.
Na cultura
escandinava, ravinas e penhascos eram considerados lugares perigosos não
apenas pela geografia traiçoeira, mas pela possibilidade de tal lugar
ser o lar de trolls.
A Lenda encontra o Mythos
Como acontece com muitas lendas, os trolls podem ser uma interpretação de criaturas ou entidades ligadas ao Mythos de Cthulhu.
Há
criaturas bastante semelhantes a trolls pertencente ao variado conjunto
macabro que se convencionou chamar de Mythos de Cthulhu. Algumas deles
guardam inquietantes similaridades com as criaturas presentes do
folclore nórdico. Em comum o fato de serem gigantes medonhos que
costumam vagar à noite, pois também são afetados diretamente pela luz do
sol. Assim como os trolls compartilham o fato de habitar os
subterrâneos: cavernas e recessos profundos, onde constróem seus covis.
Mais terrível ainda, essas criaturas desenvolveram o gosto por carne com
predileção pela carne humana.
Na Mitologia dos Antigos, os Ghasts
são descritos como gigantes albinos e deformados, cuja aparência
hedionda é realçada pelos membros extremamente longos, olhos
avermelhados e presas afiadas. Ghasts são limitados mentalmente, mas o
instinto os transformou em predadores implacáveis, verdadeiras máquinas
de matar.
Eles podem ser encontrados nas lendárias Câmaras de Zin,
um complexo rochoso subterrâneo que se estende por quilômetros de
cavernas iluminadas por fungos fosforescentes. Apesar de suas tendências
canibalísticas, ghasts se juntam em bandos para explorar e empreender
caçadas nos túneis labirínticos em busca de presas.
Segundo as lendas, as câmaras de Zin conectam o mundo desperto às Dreamlands
(Terra dos Sonhos), uma realidade onírica habitada por sonhos e
pesadelos, maravilhas e horrores, seres mitológicos e sonhadores.
É
possível que as lendas sobre os trolls estejam de alguma forma
relacionadas a ghasts que deixaram a relativa segurança de seu reino
subterrâneo com o objetivo de explorar o mundo desperto. Tendo
encontrado uma fartura de presas, as criaturas decidiram permanecer em
nosso mundo perdendo o vínculo com seu lugar de origem e o conhecimento
de como retornar a ele pelas rotas existentes. Uma vez que temem o sol -
a exposição a luminosidade é capaz de matá-los - os ghasts procuram
cavernas ou grutas onde podem se esconder durante o dia.
As profundas Câmaras de Zin são habitadas por outros terrores subterrâneos do Mythos.
Os medonhos Gugs,
gigantes nativos das Dreamlands são criaturas de tamanho colossal,
cobertas de pêlo crespo e negro, dotados de quatro braços terminando em
tremendas patas e grotescas garras. A mais horrível característica dos
gugs é a face dividida horizontalmente por uma bocarra que se estende do
queixo até a testa. Quando ela se abre deixa à vista fileiras e mais
fileiras de dentes pontiagudos. Gugs são predadores perigosos, quando
famintos se alimentam de qualquer coisa que possam digerir, mas procuram
sobretudo animais de sangue quente que devoram ruidosamente assim que
os agarram. A despeito de serem capazes de erguer monumentais
construções de pedra, os gugs tem uma inteligência pouco desenvolvida e
fazem pouco uso de ferramentas, armas ou fogo.
Os Gugs veneram os Deuses Antigos, e servem a entidade das Dreamlands chamada de "Névoa sem Nome".
No passado primevo, essas criaturas atingiram o mundo desperto,
emergindo através de túneis que conectam a superfície às câmaras
superiores de Zin. Eles ergueram na superfície da terra colossais
monolitos de pedra negra dispostos em círculos, que serviam como templos
de seus rituais sangrentos. Muitos desses círculos sobrevivem até os
dias atuais desafiando uma explicação racional por parte de
historiadores. Tais templos podem ser encontrados no norte da Europa,
Normandia e nas Ilhas Britânicas.
Os Deuses Antigos temiam que os gugs pudessem se tornar adoradores de Nyarlathotep,
o Caos Rastejante, por isso os baniram de volta para os subterrâneos
empreendendo uma caçada aos que resistiram. A maioria dos gugs habita
uma cidadela ciclópica de pedra protegida por um muro intransponível.
Poucos humanos exploraram os segredos dessa cidade sem nome e
conseguiram retornar com um registro consistente do que existe em seu
interior. Há boatos, no entanto, que os gugs quando foram expulsos da
superfície carregaram consigo inúmeros tesouros que pertenceram aos
primeiros homens e estes ainda estariam em seu poder.
Contudo,
nem todos os gugs foram escorraçados de volta ao subterrâneo, de modo
que alguns permaneceram escondidos dos Deuses Antigos. Talvez estes
indivíduos remanscentes tenham mantido contato com populações humanas e
sejam a base para lendas a respeito de trolls bestiais.
Mas nem todos os gigantes do Mythos são provenientes dos subterrâneos ou das Dreamlands.
Os Voormis são uma raça de humanos primitivos que habitavam a Hiperbórea
(atual Groenlândia) antes da chegada dos humanos mais evoluídos.
Guerras e disputas religiosas dividiram a raça - a crença em Tsathoggua,
o deus mais importante para os voormis foi antagonizada por cultos
devotados a Itaqua. Essa disputa de séculos lançou os voormis em um
estado de barbárie e total selvageria. Quando os humanos chegaram a
Hiperbórea tomaram os voormis por seres irracionais, pouco mais do que
animais simiescos.
Clãs de voormis foram caçados por esporte e
sistematicamente levados à beira da extinção pelos hiperbóreos.
Finalmente, quando uma nova era glacial atingiu a Hiperbórea devastando
toda a civilização, os voormis sobreviventes, que haviam degenerado
ainda mais na escala evolutiva, se viram livres para deixar seus
esconderijos e migrar para o continente europeu.
Os voormis
originais aparentavam ser versões rústicas do homem moderno, como uma
espécie de elo perdido na evolução humana predatando o homo neandertalensis de testa larga e braços compridos. A progressiva involução dos voormis os levou a estágios mais próximos do austrolopithecus afarensis,
hominídeos cobertos de pêlos similares aos grandes símios. Tendo se
espalhado pela escandinávia, os voormis degenerados podem ser os
responsáveis pelas lendas sobre trolls.mundotentacular.com
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