OS TROLLS
Foi na 1ª Era, durante a Grande Escuridão, que Morgoth criou os Trolls, gigantes canibais de sangue preto, fortes, ágeis mas pouco inteligentes, que não conheciam a fala. Morgoth criou-os à semelhança dos Ents, mas não eram tão fortes como estes, apesar de serem muito poderosos. Segundo Barba de Árvore “Os Trolls não passam de imitações feitas pelo inimigo na Grande Escuridão, à semelhança dos Ents, como os Orcs o foram à dos Elfos.” (1). Mas como todos os seres criados por Morgoth nessa altura, não estavam preparados e não conseguiam suportar o Sol: “pois os Trolls, como provavelmente sabeis, devem estar debaixo da terra antes do alvorecer, ou voltam a ser do material das montanhas de que são feitos, e nunca mais se mexem.” (2)
Por isso, depois do aparecimento da Grande Luz, os Trolls refugiaram-se nas fortalezas de Morgoth e em fundas cavernas e minas, e só raramente eram vistos: o primeiro relato que existe de trolls numa batalha é na Nirnaeth Arnoediad, e eles apareceram ao entardecer, quando o Sol já se punha e a sombra das Ered Wethrin se adensava: apenas os valentes Homens de Hador resistiam quando Morgoth lançou todas as suas hostes contra eles, chacinando todos à sua volta. Por fim só Húrin permanecia vivo, e canta-se que o seu machado fumegou no sangue preto da guarda troll de Gothmog, até por fim ser apanhado vivo, depois de ter acabado com 70 dos inimigos que o rodeavam. Após Húrin ter sido feito prisioneiro, o Sol pôs-se para lá do mar: portanto, esses guardas trolls apareceram quando ainda havia luz do dia, apesar do Sol já não incidir no campo de batalha e da sombra das Ered Wethrin já cobrir o Pântano de Serech; e era provável que, nessa altura, a vontade imperiosa de Morgoth se lhes impusesse, fazendo-os suportar a ligeira luminosidade sem que se petrificassem.
Possivelmente os trolls que sobreviveram à Guerra da Ira, esconderam-se em cavernas inacessíveis nas raízes da terra, tal como os Balrogs; mas quando Sauron voltou a erguer-se na 2ª Era, chamou a si os antigos servos de Morgoth e eles voltaram a andar livremente pelos locais escuros do mundo. Sauron aumentou-lhes a esperteza através da maldade, e conseguiram aprender rudimentos da Língua Negra com os Orcs; nas terras Ocidentais, alguns Trolls de Pedra falavam uma forma corrompida do Idioma Comum, e com o passar dos anos foram evoluindo em diversas raças: Trolls de Montanha, de Pedra, dos Montes, das Cavernas, e no Hobbit também são referidos Trolls de 2 cabeças, que ao que parece se comportavam ainda pior e discutiam mais do que os outros!
No fim da Paz Vigilante, na 3ª Era, Sauron regressa a Dol Guldur e o seu poder começa a aumentar. Os seus servos multiplicam-se e invadem Eriador, ocupando secretamente fortalezas nas Montanhas Nebulosas. Em 2930 da 3ª Era, Arador, Capitão dos Dúnedain é capturado por Trolls Montanheses a Norte de Rivendell e é morto por eles. Sucedeu-lhe o seu filho, Arathorn, pai de Aragorn.
Quando Bilbo e os Anões iniciam a sua viagem para a Montanha Solitária, em 2941 da 3ª Era, foram aprisionados por William, Bert e Tom, 3 trolls de tamanho regular, que tinham descido das Montanhas e se tinham fixado na floresta, alimentando-se das pessoas daquela região. Felizmente, graças à intervenção de Gandalf, que os manteve a discutir até ao nascer do dia, ficaram transformados em pedra assim que tocados pelos raios de Sol; e em 3018, setenta e sete anos depois, Aragorn e os Hobbits vêm os três trolls petrificados quando se dirigem para Rivendell.
Segundo Aragorn e Elrond, os Trolls eram incapazes de construir e roubavam tudo o que podiam das suas vítimas e por vezes até de outros pilhadores. Tinham sempre um abrigo nas proximidades onde viviam, para se refugiarem durante o dia e onde juntavam por vezes consideráveis tesouros. As famosas espadas Orcrist e Glamdring foram encontradas na caverna de William, Bert e Tom.
Em Mória o grupo da Irmandade é atacado por Orcs e por um grande troll das cavernas, de pele escura com escamas esverdeadas e com pés sem dedos. Boromir atacou-o com a sua espada, mas a sua pele era tão dura que esta ressaltou e não o conseguiu ferir; foi a pequena espada de Frodo, feita com a magia élfica de Gondolin, que conseguiu trespassar a pele dura do monstro: “Soou um berro e o pé recuou bruscamente, quase arrancando Ferrão do braço de Frodo. Da lâmina caíram pingos negros que fumegaram no chão.” (3). Isso fez com que o grande troll se afastasse o tempo suficiente para que os elementos da Irmandade, defendendo-se valentemente, conseguissem fugir da Câmara de Mazarbul.
Na Guerra do Anel, Sauron utilizou uma nova raça de Trolls, de nome Olog-Hai na Língua Negra (e que significa Povo Troll). Estes eram mais duros do que pedra, e portanto mais fortes do que os primeiros trolls, muito ágeis, ferozes e cheios de maldade. Tinham ainda a particularidade de poderem suportar a luz do Sol enquanto a vontade de Sauron se lhes impusesse. Sauron resolveu usar, certamente, o truque que Morgoth já tinha utilizado na 1ª Era, para poder contar com estes poderosos e temíveis seres nas suas fileiras, mesmo durante o dia; isso, no entanto, exigia de si uma atenção constante, uma vez que, por natureza, os Trolls não suportavam o Sol. De início, nem se sabia bem de onde tinham surgido nem o que eram: foram vistos a combater durante o dia, na batalha dos Campos de Pelennor, e são referidos como meio-trolls de olhos brancos e língua vermelha. Sauron também utilizou trolls para empurrar pesados engenhos e foram trolls montanheses que manobraram o Grond, o grande aríete que destruíu a resistente Porta da Cidade de Minas Tirith.
Na batalha que se travou junto à Porta Negra, avançaram numerosos trolls dos Montes, vindos de Gorgoroth. “Eram mais altos e mais espadaúdos do que os Homens e vestiam cotas de malha justas de escamas ósseas – ou talvez se tratasse, na verdade, da sua nojenta pele. Usavam escudos redondos, enormes e pretos, e transportavam pesados martelos nas mãos nodosas. Destemidos, saltaram para os charcos e atravessaram-nos, aos berros. Caíram como uma tempestade sobre a fileira de homens de Gondor e malharam em elmo e cabeça, braço e escudo, como ferreiros em ferro quente. Ao lado dele, Beregound ficou atordoado e subjugado e acabou por cair. O grande chefe troll que o abateu inclinou-se para ele de garra estendida, pois aquelas horríveis criaturas mordiam a garganta daqueles que faziam tombar” (4). Estes eram sem dúvida Olog-Hai, pois combatiam durante o dia e eram resistentes ao Sol.
Mais uma vez, foi um pequeno Hobbit, com a sua espada encontrada na Colinas das Antas que abateu o terrível monstro: “Desembainhou a espada e observou as formas enlaçadas vermelhas e douradas nela gravadas. Os caracteres ondulantes de Númenor cintilaram na lâmina de fogo. “Foi feita exactamente para uma hora como esta” pensou Pippin.” (5) E a lâmina gravada da Ocidentalidade, preparada para quebrar a magia negra do inimigo, conseguiu rasgar a dura pele do monstro e mais uma vez o seu sangue negro jorrou e o grande chefe troll caíu como um pedregulho.
Depois da queda de Sauron, muitas das criaturas que ele tinha escravizado por feitiço, como os Trolls “mataram-se ou lançaram-se em abismos, ou fugiram a uivar e foram esconder-se em buracos e lugares escuros, longe da esperança”. (6). Esta deve ter sido a última Era em que tais criaturas viveram, pois não há registos de terem sido vistas posteriormente. Com o desaparecimento dos seus criadores, o poderoso feitiço que os mantinha vivos quebrou-se e também eles acabaram por desaparecer.tolkienianos.com
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